Descrição
A pesquisa, da qual resultou este livro, realizada no período de 1988 a 1990, na cidade de Campinas, possibilitou apreender a depredação escolar como um fio condutor que me levou a descrever a violência a partir do seu interior. Percorrendo caminhos não muito conhecidos, apontei a necessidade de os educadores reconhecerem os elementos que compoem a “lógica interna” da violência, percebendo como as diferenças e os antagonismos apontam para o aparecimento de uma rede de comunicação não-explícita. Esta rede se apropria do espaço escolar através de estratégias e de astúcias que expressam o desejo irreprimível de viver e de conviver, ainda que de forma conflitual. A violência é “fonte de vida”, mas também leva à morte. “Nada há de mais legítimo em combatê-la”, porém, é preciso ter cuidado pois a ambivalência da nossa vida diária nos mostra que o tecido social se apresenta não como um produto acabado, mas como algo que se faz constantemente no entrelaçamento de pequenos fios. É necessário compreender como esses pequenos fios se constituem, qual a lógica interna da sua construção. Essa violência, que não se apaga nunca, circulou por todos os espaços da pesquisa e, na sua ambiguidade, abriu as brechas para as resistências que funcionaram como aneaças, não a favor da violência, mas no uso dela.
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